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quinta-feira, 23 de maio de 2013

As consequências do Bullying

O que é bullying?
Nos últimos anos muito se tem falado a respeito de um problema que já afeta a vida de crianças e consequentemente de futuros adultos há muito tempo, o bullying. A terminologia bullying tem sido adotada em vários países como designação para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais. As vítimas são os indivíduos considerados mais fracos e frágeis dessa relação, transformados em objeto de diversão e prazer por meio de “brincadeiras” maldosas e intimidadoras. Porém, o que antigamente muitos chamariam simplesmente de uma “brincadeirinha de mau gosto”, tem ganhado campo nas discussões e preocupação por parte de pais, profissionais da educação e da psicologia.

Características de bullying
Segundo Cleo Fante, no livro “Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz”, os atos de bullying entre alunos apresentam determinadas características comuns:

- Comportamentos deliberados e danosos, produzidos de forma repetitiva num período prolongado de tempo contra uma mesma vítima;
- Apresentam uma relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima;
- Não há motivos evidentes;
- Acontece de forma direta, por meio de agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidar de maneira pejorativa e discriminatória, insultar, constranger, humilhar, assediar, amedrontar);
- De forma indireta, caracteriza-se pela disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social.

Consequências do bullying
As vítimas podem não se recuperar dos traumas sofridos, sendo que nos casos mais graves a consequência pode ser o suicídio. Entre as consequências do bullying estão:
- Baixa autoestima e Insegurança;
- Isolamento, Medo e Angústia;
- Agressividade e Ansiedade;
- Falta de vontade de ir à escola;
- Dificuldade de concentração e diminuição do desempenho escolar;
- Mudanças de Humor, choros constantes;
- Insônia;
- Abuso de álcool e drogas;
- Stress;
- Suicídio.

O que a família pode fazer?
Não há receita eficaz de como educar filhos, pois cada família é um mundo particular com características peculiares. Mas, apesar dessa constatação, não se pode cruzar os braços e deixar que as coisas aconteçam, sem que os pais (primeiros responsáveis pela educação e orientação dos filhos) façam algo a respeito.
A educação pela e para a afetividade já é um bom começo. O exercício do afeto entre os membros de uma família é prática primeira de toda educação estruturada, que tem no diálogo o sustentáculo da relação interpessoal. Além disso, a verdade e a confiabilidade são os demais elementos necessários nessa relação entre pais e filhos. Os pais precisam evitar atitudes de autoproteção em demasia, ou de descaso referente aos filhos. A atenção em dose certa é elementar no processo evolutivo e formativo do ser humano.

Os protagonistas do bullying
A vítima pode ser classificada, segundo pesquisadores, em três tipos:
- Vítima típica: é pouco sociável, possui aspecto físico frágil, coordenação motora deficiente, extrema sensibilidade, timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa autoestima, alguma dificuldade de aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos. Sente dificuldade de impor-se ao grupo, tanto física quanto verbalmente.
- Vítima provocadora: refere-se àquela que atrai e provoca reações agressivas. Tenta brigar ou responder quando é atacada ou insultada. Pode ser hiperativa, inquieta, dispersiva e ofensora. É, de modo geral, tola, imatura, de costumes irritantes e quase sempre é responsável por causar tensões no ambiente em que se encontra.
- Vítima agressora: reproduz os maus-tratos sofridos. Como forma de compensação. Procura outra vítima mais frágil e comete contra esta todas as agressões sofridas na escola, ou em casa, transformando o bullying em um ciclo vicioso.
- O agressor pode ser de ambos os sexos. Tem caráter violento e perverso, com poder de liderança, obtido por meio da força e da agressividade. Age sozinho ou em grupo. Geralmente é oriundo de família desestruturada, em que há parcial ou total ausência de afetividade. Apresenta aversão às normas; não aceita ser contrariado, é mimado e desobediente.
- Os espectadores são alunos que adotam a “lei do silêncio”. Testemunham a tudo, mas não tomam partido, nem saem em defesa do agredido por medo de serem a próxima vítima. Também nesse grupo estão alguns alunos que não participam dos ataques, mas manifestam apoio ao agressor.

AGRESSOR
Na escola
- Faz brincadeiras ou gozações, além de rir de modo desdenhoso e hostil.
- Coloca apelidos ou chama pelo nome e sobrenome dos colegas, de forma malsoante;
- Insulta, menospreza, ridiculariza, difama;
- Faz ameaças, dá ordens, domina e subjuga.
- Incomoda, intimida, empurra,  envolve-se em discussões e desentendimentos;

Em casa
- Apresenta atitude hostil, desafiante e agressiva com pais e irmãos, chegando a ponto de atemorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física;
- É habilidoso para sair-se bem em “situações difíceis”;
- Exterioriza ou tenta exteriorizar sua autoridade sobre alguém;

Abaixo há um testemunho real e bastante relevante para este artigo:
A jovem jornalista Ariane Fonseca foi vítima de bullying entre os 7 e os 11 anos, aproximadamente. De família humilde, morava em uma cidade do interior de São Paulo, tinha roupas simples e ainda usava um óculos no estilo "fundo de garrafa".

"Ninguém queria papo comigo, as meninas não me aceitavam. Esse era um problema que eu tentava compensar estudando, para alguém me dar atenção de alguma forma. Mas o tiro saiu pela culatra. Os professores gostavam de mim, mas a situação com os colegas piorou, porque eles achavam que eu 'puxava saco', queria me sobressair", conta.

Um dos episódios que mais marcou foi quando uma das meninas mais "patricinhas" do colégio entrou no banheiro, arrancou os óculos do rosto de Ariane e pisoteou-os, sem motivo algum. Apesar de sofrer com a situação, ela evitava contar os episódios para os pais com medo de a exclusão aumentar, pois os pais poderiam levar o problema até a escola.
No entanto, ela não aconselha ninguém a manter silêncio. Sofrer calado não é a melhor opção, pois muito do que se sofre nesse período de formação humana ganha maior proporção no futuro. A jovem aconselha a busca de um profissional e não ter vergonha de falar com os pais.

"Na infância, eu não tinha muita noção do que isso causaria na minha vida hoje. Por exemplo, eu me cobro demais pelo estudo, de ser sempre boa, inteligente. Também tenho um certo problema com críticas, especialmente nos estudos, já que eles foram minha válvula de escape contra o bullying. Se ninguém me via como 'bonitinha', ao menos me viam como a 'inteligente'. Também tenho necessidade de aceitação por parte das outras pessoas, tanto que muitas vezes desagrado a mim mesma tentando agradar os outros", explica.

Como vimos, o bullying traz sérias consequências para a vida futura da criança/adolescente. Há uma preocupação por parte dos pais e educadores com relação a formação profissional de seus filhos e alunos, porém, há que se observar como está a vida afetiva desta criança/adolescente, seus relacionamentos, comportamento, pois a vida escolar reflete muito do que acontece em seus relacionamentos interpessoais.
É importante lembrar que aqueles que praticam bullying contra seus colegas na escola poderão, caso não recebam atendimento adequado, levar para a vida adulta o mesmo comportamento antissocial, adotando atitudes agressivas no seio familiar (violência doméstica) ou no ambiente de trabalho. Referida prática pode configurar os tipos penais de injúria, calúnia, difamação, lesão corporal e racismo.

OBS.: Boa parte deste conteúdo foi encontrado no site Mundo Jovem 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Crianças no computador: problema ou solução?

Já faz um bom tempo que alimento uma curiosidade com relação ao uso do computador e da Internet pelas crianças. Minha dúvida inicial era se o uso dessas ferramentas pelas crianças é bom ou mal para seu desenvolvimento pessoal e social, assim como, a influência disso em sua vida escolar. Descobri que, segundo pesquisas, o Brasil é o país com mais crianças de 4 a 12 anos conectados à Internet no mundo todo. Isso é muito precoce. Uma criança de 4 anos não tem noção de conteúdos e cada vez mais os pais se distanciam da vida dos filhos nessa era moderna, ou seja, as crianças acabam ficando sem orientação. Ainda mais com tanta tecnologia, porque não é só na frente de um computador que as coisas acontecem, hoje em dia há a possibilidade de acesso a Internet de várias formas como celulares, tablets e outros. A Internet e as redes sociais estão afastando as pessoas ao invés de uni-las e as crianças já estão incluídas nisso. Os relacionamentos estão se tornando artificiais, ou seja, está se formando uma geração de crianças e futuros adultos, claro, individualistas e solitários. Encontrei um artigo com opiniões de vários especialistas e achei considerável e válido compartilhá-lo aqui. 


O conteúdo a seguir foi encontrado em Delas - Filhos. Boa leitura! 

Crianças X Computadores: benefícios e males da era tecnológica

Manter as crianças longe do computador ou ensiná-las desde cedo? Especialistas debatem o dilema entre educação e proibição
Antigamente não tinha choro nem vela: a brincadeira fora ou dentro de casa consistia basicamente de atividades com bolas, bonecos, carrinhos e jogos como esconde-esconde. Hoje, são poucas as crianças que nunca pediram para mexer no celular da mãe ou não tentaram descobrir o que havia de tão interessante na tela do computador do pai. Mas até que ponto permitir o envolvimento com estes eletrônicos é benéfico aos filhos? Para Valdemar Setzer, professor aposentado do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP (Universidade de São Paulo), não há o que discutir: até que eles cheguem aos 17 anos, passatempos tecnológicos deveriam estar fora de questão.
 

"Tanto o computador como todos os outros meios eletrônicos exigem uma enorme autodisciplina e um enorme autocontrole, coisa que as crianças e jovens não possuem”, afirma o especialista, também autor do livro “Meios Eletrônicos e a Educação: Uma Visão Alternativa” (Editora Escrituras). Segundo Setzer, as crianças ainda estão desenvolvendo a capacidade de discernir o que é verdadeiro ou falso, bom ou mau, e colocá-las diante de uma tela cheia de possibilidades e informações é uma porta aberta para diferentes perigos. Mas nem todos os especialistas são tão radicais. Tadeu Terra, professor e Diretor Editorial de Mídia Digital do COC, escola pioneira no uso de computadores em salas de aula, defende que o papel dos pais é ser guia e mediador na relação com a tecnologia, e não proibidor –  até porque, segundo ele, as crianças terão contato com celulares, computadores e com a internet quer os pais permitam, quer não.
Para Setzer, o tipo de pensamento estimulado pelo computador é excessivamente exato e restrito para uma criança. “Ele prejudica a capacidade de pensar e imaginar delas, mostrando que o uso frequente do computador é um dos fatores para a piora do rendimento escolar, por exemplo”.

Criatividade em falta?
“Qualquer atividade virtual é irreal e se apresentam figuras e desenhos, não há a imaginação. Porque usar o computador se há jogos que podem ser jogados com as mãos?”, questiona Setzer. Ao contrário dele, Tadeu Terra não vê o universo virtual como tamanha ameaça às crianças. “Os jogos físicos e virtuais podem ser equivalentes: a questão está na proposta do jogo, e não no meio utilizado”, diz. Segundo ele, os pais devem pensar primeiro em quais habilidades a criança está desenvolvendo.
O pediatra antroposófico Antonio Carlos de Souza Aranha concorda com a questão levantada por Setzer. “É importante que a criança desenvolva primeiramente a criatividade e o raciocínio para depois utilizar os meios eletrônicos livremente, sem se tornar dependente da tecnologia”, acredita. As festas infantis atuais exemplificam bem o que ele quer dizer: enquanto hoje costuma haver a necessidade de um ambiente temático, além de um profissional para animar a festa de aniversário do filho, antigamente só era necessário deixar as crianças no quintal para que elas inventassem o que fazer e se divertissem. “Hoje em dia as crianças são cada vez mais consumidoras e menos criativas em todos os níveis – ação, emoção e pensamento – e isso é um grande perigo”, diz o pediatra.
No entanto, se houver uma ênfase da família em desenvolver estes três níveis de capacidade, colocar a criança em contato com o computador ou até mesmo com a televisão pode ocorrer sem malefícios. Por outro lado, se houver acomodação dos pais, a coisa muda de figura: colocar uma criança sem supervisão diante de um destes meios é arriscado.

Tecnologia 24 horas



Deixar a criança brincando no computador o tempo inteiro está mesmo fora de cogitação. De acordo com Terra, os pais devem estabelecer uma disciplina para o uso dos meios eletrônicos, e não simplesmente eliminar o computador da vida dos filhos. “As crianças já possuem uma atração muito grande pela tecnologia, a menos que você nunca a deixe chegar perto de qualquer meio eletrônico”, afirma. Contando que grande número de adultos anda para lá e para cá com celulares em mãos, este contato se torna inevitável. “Uma criança de três anos já é capaz de entrar sozinha na internet e assistir um vídeo no Youtube, então você precisa mostrar o que aquilo significa”, revela ele.
Embora os meios eletrônicos estejam espalhados por todos os lados e haja a possibilidade de serem utilizados de maneira correta por crianças e jovens, Terra ainda aponta que há riscos a serem evitados. “Como pai e educador, minha função não é a de tirar o computador das crianças, mas sim de mostrar o que significa. Senão ele vai fazer escondido”, afirma.
Evitar que um pré-adolescente crie um perfil numa rede social, por exemplo, é bastante difícil, mesmo que os pais o proíbam. A questão, portanto, é: quem irá informá-lo sobre as medidas que devem ser tomadas por questão de segurança, como por exemplo, não revelar informações pessoais? “Existem vários pais que acham que os filhos nem sabem mexer no computador, mas um dia descobrem que eles têm até perfil no Orkut. Incluir a tecnologia como algo que faz parte do dia a dia e vê-la de forma positiva é necessário”, acredita Terra.
Mas tampouco é preciso colocar um computador no quarto do seu filho para que ele não se sinta “por fora” diante dos colegas de escola. O pediatra ressalta que, junto às atividades de introdução à informática, é essencial que as crianças tenham outros estímulos: “Os pais devem se preocupar em desenvolvê-las através das artes, das atividades criativas e também das atividades físicas”. Afinal, levar somente a facilidade mecânica dos computadores em consideração não colabora para o desenvolvimento de novas capacidades. É como aprender a fazer contas direto na calculadora: você perde a aquisição da capacidade mental de calcular.

Faixa etária e autonomia
O professor Valdemar Setzer é categórico: o uso de computadores sozinho, sem supervisão dos pais, deve começar somente a partir dos 17 anos – segundo ele, a idade em que o jovem já está preparado para utilizar a tecnologia de forma saudável. O pediatra Antonio Carlos de Souza Aranha é menos radical: para ele, a partir dos 14 anos já é possível que o jovem utilize a informática com autonomia, sem a possibilidade de se tornar dependente: “Os pais são livres para educarem os filhos como preferirem, mas a criança que não desenvolver capacidades criativas poderá usar o computador para fugir do contato com o mundo – assim como algumas fogem nas drogas”.
Terra discorda. “Existem atividades educativas que as crianças de quatro anos já podem realizar no computador, naturalmente acompanhadas dos pais”, revela ele. “Mas é necessário realizar um trabalho para que ele chegue na adolescência agindo de forma segura diante da internet, por exemplo”, completa. Segundo ele, a criança entrará em contato, de uma maneira ou de outra, com a tecnologia, e terá mais interesse de descobrir o que é o plano digital. “À medida que ela for solicitando isso, os pais devem ter muita atenção: não é como deixar a criança brincando com uma bola no quintal. Os riscos que ela corre diante do computador são realmente maiores”, revela o especialista.
“A civilização não andaria hoje sem o computador, mas a criança deve passar pelas etapas que a humanidade toda já passou até agora”, resume Antonio Carlos. Ou seja: desenvolver primeiro a criatividade e o raciocínio próprios, para depois dominar uma ferramenta que é parte integrante da vida moderna – e que jamais funcionaria sem a criatividade e o raciocínio humanos.

 
Há um velho adágio que diz: "O homem cria para depender daquilo que cria; o homem depende porque não sabe que liberdade é não precisar criar..."