A meninada toda estava na rua. Como era divertido brincar com o surdinho?
- Sur – di – nho! Sur – di- nho! – chamavam os meninos.
E batiam nele de um lado e do outro. O menino surdinho ficava até tonto.
Os garotos às vezes caçoavam tanto dele, mas tanto, que o surdinho corria pra casa, chorando, chorando.
Um dia os meninos abusaram demais. Chegaram até a lhe dar tapas, pisar nos pés, beliscar e empurrar com tanta força que Surdinho caia no chão.
Queria ir para casa, mas não podia... Os moleques o agarravam...
Assim que conseguiu escapar, fugiu, deixando os moleques rindo e caçoando dele.
Mamãe, - vocês sabem como são as mamães – logo percebeu que alguma coisa não ai bem. Correu e abraçou o Surdinho.
- Que foi filhinho, que foi?
Ele também abraçou a mamãe e chorou muito, muito. Depois enxugou os olhinhos, ameaçou um sorriso, jogo um beijo para mamãe e saiu. Ela estava fazendo o almoço e com gestos falou que ele não se demorasse.
Mamãe ficou em casa com um aperto no coração.
Surdinho passou escondido pela rua. Quando viu um menino, entrou num jardim até que o garoto sumiu. Olhou dos lados e não viu ninguém. Começou a correr, até ficar muito cansado. Daí começou a andar devagar. Estava tão distraído que nem sabia por onde andava. Seu coraçãozinho estava muito apertado. Sabem? Ele se achava fora da cidade. Longe, não?
De repente, Surdinho viu o trilho do trem. Começou a andar nele e a se equilibrar. Pulava nos paus que seguravam os trilhos. Achou tão gostoso brincar ali, sozinho, que até começou a sorrir. E pulava, pulava e ria bastante. Era a primeira vez que isso acontecia.
Sua mãe, lá em casa ficou aflita, e cada vez mais aflita. Lembrou-se do Surdinho, da sua tristeza, e pensou: "está acontecendo alguma coisa com ele". Saiu correndo para a rua. Viu os meninos brincando.
- Hei? Sabem do Surdinho?
- Não está em casa?
- Não, ele saiu e não voltou. Ajudem-me a procurá-lo.
Surdinho continuava correndo pelo trilho, rindo, rindo.
- PiuÍ, apitou o trem, lá longe.
Mamãe ouviu aquele apito e gritou: - O trem, o trem!
Ela correu em direção à linha do trem. Os meninos foram atrás.
- PiuÍ, apitou o trem mais forte, mais perto.
De longe mamãe viu o Surdinho pulando, pulando e o trem se aproximando. As crianças começaram a gritar. Ficaram desesperadas. Queriam passar na frente do trem.
- Surdinho! Surdinho! Gritavam. Mas ele não ouviu nada, nem mesmo o apito do trem.
Mamãe chorando, gritou: - Filhinho!
O maquinista do trem viu o menino, tentou brecar, mas não deu tempo...
Agora o Surdinho estava feliz no céu, com Jesus. Ninguém caçoava dele e podia ouvir tudo, tudo. Ouvia a voz de Jesus, tão meiga e amiga. Voz que ele, aqui na terra já conhecia, porque era um garoto que andava no caminho de Deus. Nunca faltava na Escola Dominical. Era obediente e bom.
Surdinho estava agora na sua casa de verdade. Na casa do Pai, onde só havia alegria. Quem é de Jesus não precisa ter medo de morrer.
Alguma vez você já dormiu no carro do papai? E ele o pegou no colo, o levou com carinho para sua caminha? Quando você acordou no dia seguinte, não estava mais no carro e sim na sua caminha.
A morte é assim. Você dorme aqui na terra e Jesus, com carinho leva você para a outra casa. Quando acordar no dia seguinte, não está mais na terra e sim no céu, no lugar de delícias. Isto foi o que aconteceu com o Surdinho.
Mas os meninos, estes sim, choravam arrependidos. Haviam maltratado tanto o Surdinho, que pena ...!
Agora o jardim perdeu a graça. A rua ficou triste sem o Surdinho. As crianças não quiseram mais brincar na calçada. Mas elas nunca mais caçoaram de outro menino. Nunca mais jogaram pedra num aleijado. Nunca mais riram de um bobinho. Nunca mais bateram num surdinho. Nunca mais, nunca mais.
E vocês?
Disse Jesus: "Amarás a teu próximo como a ti mesmo"
Mateus 22.39
Observação: Ao contar essa história tenha cuidado com as palavras, não dê ênfase ao morte do garoto surdo e sim a comportamento errado das crianças que eram normais. Mostre aos pequenos que devemos respeitar a todos, independentemente da sua aparência física, classe social ou qualquer outro fator que faça alguém diferente deles.
Como Jesus, o garoto da história também foi perseguido e acabou morrendo. O garoto também sentiu tristeza com o que estavam fazendo com ele. Converse com as crianças sobre esse sentimento e e como elas enfrentam. Conte que Jesus por muitas vezes também se entristeceu e que Deus sempre fica triste com as coisas erradas que fazermos.
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